A Bahia não está entre os estados mais afetados pela pandemia do coronavírus no Brasil, mas o crescimento dos casos nas últimas semanas pode levar ao colapso do sistema de saúde caso o isolamento social não cumpra seu papel de conter a disseminação da doença. Segundo o governador Rui Costa (PT), os leitos de UTI durarão cerca de mais três semanas se a epidemia continuar avançando, principalmente em direção ao interior do estado, como tem ocorrido nos últimos dias.
"Estamos projetando com a atual taxa de crescimento (da contaminação) que chegaria ao limite da oferta de leitos de UTI na primeira semana de junho, e por isso estamos apertando as cidades com maior taxa para tentar alongar isso", explicou Rui Costa em entrevista à Globonews, apontando as seis cidades com mais casos da covid-19 no estado: Salvador, Ilhéus, Lauro de Freitas, Jequié, Ipiaú e Itabuna.
"Os 80%, quase 90% dos casos estão concentrados em apenas dez cidades. É fato que estão indo para o interior, mas são casos isolados", minimizou o governador sobre a epidemia longe do litoral. Para ele, muitos dos casos recentes são importados de outros estados. O governador petista também procurou reforçar que grande parte do estado, o quarto maior em território do Brasil, não tem casos da doença causada pelo novo coronavírus.
"Até agora tivemos casos em cerca de 190 num total de 417 municípios. Ou seja, a maioria não teve nenhum caso. E o que chamamos de casos ativos, pessoas que estão internadas ou estão de quarentena, nos últimos 14 dias, temos apenas 138 cidades com o vírus circulando", afirmou.
Reabertura incerta
Ainda se esforçando para reforçar o isolamento em cidades com mais casos, a Bahia não tem uma previsão de quando poderá pensar em afrouxar as medidas da quarentena como um todo.
"É algo muito contraditório, quanto mais a gente alonga (a quarentena) para salvar vidas, mais a gente estende o prazo da restrição do convívio e fica pouco previsível o retorno. Hoje eu não saberia dizer em que momento podemos voltar com segurança", disse Rui Costa.
Respiradores a caminho
O governador também prometeu que até o final de semana deve chegar uma nova carga de respiradores ao estado. Ele relembrou o episódio em que 600 aparelhos comprados pelo Consórcio do Nordeste que chegariam à Bahia ficaram retidos em Miami por influência do governo americano, no mês passado.
"Na época era uma empresa americana que traria um produto chinês, chegou a ser dado o horário que chegaria o voo, e quando chegou a Miami falou que havia uma decisão do governo americano de não passar essa carga ao Brasil em função da crise de falta de respiradores nos Estados Unidos", contou Rui Costa. "O comportamento do mercado está muito ruim, muita gente especulando. A percepção que a gente tem é que as chamadas trades, o povo entende como atravessadores, quando eles perceberam a crise na China, eles correram e compraram toda a produção dos fabricantes mundiais, não só chineses", explicou o governador sobre a dificuldade de adquirir os equipamentos.