Como 'Na raba toma tapão' foi de desafio no TikTok ao topo das paradas do Brasil

  Quarta, 27 de maio de 2020
  G1    |      
Como "Na raba toma tapão" foi de desafio no TikTok ao topo das paradas do Brasil

    Funk foi criado na quarentena via DM no Instagram, estourou no TikTok e agora leva os iniciantes MC Niack e DJ Markim a disputarem liderança nas paradas com Lady Gaga e Gusttavo Lima.

    O título pode assustar, os músicos são desconhecidos e a produção é simples. Nada disso impediu o funk "Na raba toma tapão" de surgir, de repente, entre as músicas mais ouvidas do Brasil.

    Na letra, o "tapão" é consensual, sem violência, segundo MC Niack e DJ Markim WF. Em vídeos de fãs, ele ganha um sentido divertido e vira um "tapa no visual" em desafios de dança e de maquiagem no app TikTok.

    No início desta semana, a faixa já estava em 2º lugar no YouTube e em 4º no Spotify no Brasil. Concorre com superproduções novas de Lady Gaga e Ariana Grande ("Rain on me") e Gusttavo Lima ("Saudade sua").

    É zoeira adolescente, mas revela tendências sérias da música pop global, que agora chegam ao Brasil. Em 2019 os EUA teve o fenômeno "Old town road", de Lil Nas X. Em 2020, o Brasil tem "Na raba toma tapão", de MC Niack e DJ Markim WF. Eles têm muito em comum:

    • Músicos muito jovens, amadores, que surgem do nada no topo das paradas.
    • MCs que usam bases de DJs que nem conheciam, postadas na internet.
    • Trechos simples e colantes que viram trilha para desafios de vídeos no TikTok e, de lá, para outras plataformas.

    Outra tendência do novo hit brasieiro é ainda mais atual: pop de quarentena feito em colaboração remota, via mensagem direta no Instagram, sem nem entrar em estúdio.

     

    Ribeirão Preto (SP) feat. Contagem (MG)

     

    A parceria foi entre Davi Alexandre Magalhães de Almeida, o MC Niack, de 17 anos, e Marcos Willian Ferreira, o DJ Markim WF, de 19. Niack mora com os pais em Ribeirão Preto (SP). Markim vive com a avó em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte.

    Eles se conheceram há dois meses, depois que Niack achou bases de funk que Markim postava no YouTube. Ele fez duas músicas com vocais por cima dessas bases: "Não mandei moscar" e "Até o dia clarear".

    Markim gostou das faixas e chamou Niack para conversar no Instagram. Ele tinha colocado as bases na internet de graça, com esse objetivo mesmo: divulgar seu trabalho e conhecer outros músicos.

    Vida difícil, trabalho novo

     

    O DJ começou a produzir funk no computador de casa há dois anos. Enquanto isso, ganhava um dinheiro como ambulante, vendendo balas no semáforo, conta Markim.

    Niall também não tinha vida fácil: passou por um período de depressão no final do ano passado, teve que sair da escola, e trabalhava em uma fábrica de suplementos alimentares. A mãe é empregada doméstica. O pai, que é músico amador, o incentivou a cantar.

    Ambos estavam na mesma fase da carreira: muito no início. Niack, o mais inexperiente, tinha gravado as primeiras músicas com as bases de Markim mesmo. Nunca subiu em um palco.

    Com o contato feito no Instagram a partir das duas faixas, ele resolveu mandar outra ideia de música para o novo amigo DJ. Já era "Na raba toma tapão". Markim apostou na música e resolveu "dar um tapa": mudou a base e arrumou os vocais.

    A vez do 'mandelão'

     

    O DJ mineiro sabia o que queria: uma base "mandelão". É o tipo de funk que toca em bailes de rua, com os graves estourando e uma produção crua. "Tem gente que reclama, mas é o que chama atenção no baile", diz Markim.

    O som espontâneo funcionou. Os dois adolescentes desconhecidos conseguiram o objetivo de qualquer popstar global hoje: virar fenômeno no app chinês TikTok.

     

    Receita de TikTok

     

    A transição entre a voz à capella e a base minimalista, com batidas bem marcadas, virou trilha perfeita para acompanhar, passo a passo, adolescentes se transformando com maquiagem ou fazendo danças diferentes.

    A moda pegou entre adolescentes anônimos e webcelebridades, como os youtubers Léo Memes e Priscilla Evelyn e os funkeiros Dynho Alves e Jottapê.

     

    Hit relâmpago

     

    Por enquanto, o resultado é só de números na web: a subida repentina nas paradas e de número de seguidores. Como o hit tem menos de um mês, eles ainda não receberam dinheiro de direitos autorais.

    "Eu até falei com o Niack: acho que o que fez estourar é as pessoas estarem em casa. Se não fosse isso, elas não estariam tanto tempo no TikTok fazendo vídeo e procurando música", teoriza Markim.

     

    Quando a quarentena acabar, o DJ que criava bases de graça e o cantor que nunca fez um show podem sair de casa com uma nova vida.

     

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