Sabe aquele sonho que parecia impossível e de repente se torna realidade? Mais de três mil crianças e adolescentes já viram que isso é possível, sim. Tudo acontece dentro de um casarão, no Rio de Janeiro, onde funciona o Instituto Palco da Vida. O projeto tem apoio do Criança Esperança.
“Eu via a TV e eu achava: quero fazer aquilo, quero fazer personagem, quero estar numa novela”, disse Pietra Torres, de 12 anos.
Mas para fazer parte do grupo não basta só a vontade de ficar famosa.
“Eu percebi que o espaço não é só para mim, é para as pessoas que estão comigo e que o trabalho em equipe é a coisa principal que a gente tem que ter”, contou a menina.
Numa rua da Zona Norte do Rio, ao lado das favelas do complexo do Alemão, fica o Instituto Cultural Palco da Vida.
Mais de três mil alunos já participaram de atividades na casa onde todos podem consultar um acervo incrível. São dezenas de livros, discos, revistas antigas e objetos que ajudam a contar a história do teatro brasileiro. Por exemplo, tem um livro de 1903, uma raridade, assim como os programas das primeiras montagens das peças “Pluft, o fantasminha” e “O balcão”.
“Aqui o projeto acabou me salvando de todas as formas, me estimulou a correr atrás de tudo que quero na minha vida, que é escrever. Eu sempre carrego isso nunca existe o impossível”, disse Will Subrok, de 22 anos.
A inspiração para todos vem da história do Val, que criou a escola de teatro há sete anos.
“Eu saí aos 17 anos do interior do Ceará em cima de um caminhão de melão. Minha mãe conseguiu R$ 25 emprestado, me deu uma bananada e biscoito. Consegui emprego como lavador de prato. A partir daí fui fazer meus cursos de teatro e me formei”, contou José Valdemar da Silva Gomes.
A Fernanda Torres estava curiosa para conhecer o lugar. A atriz, que é uma das mobilizadoras do Criança Esperança de 2018, encontrou rostos familiares na biblioteca e uma coleção de vídeos que ela já conhecia, doada pelo ator Sérgio Britto, que foi um grande amigo de Fernanda Montenegro.
“Minha mãe é fruto disso, é filha de um operário. Ela até hoje não acredita o que aconteceu com a vida dela, do lugar onde ela veio. Então, sempre tive essa fé no teatro, na cultura como agente transformador”, disse a atriz.
“A gente aprende a valorizar a vida porque, quando você cuida do espaço, pinta o chão que você vai pisar, que nós todos vamos pisar e desfrutar disso, a gente também vai valorizar a casa, a rua. Aprende a perceber que o ambiente que a gente vive é um ambiente coletivo e a gente precisa preservar e cuidar”, diz um aluno.