Gostaria de dizer que estou aqui para dar conforto quando você estiver no seu inferno. Gostaria de estar firme e forte para suportar o seu insuportável.

Diante de mim todos os dias faço preces silenciosas abençoando a vida, as pessoas, os animais.

Pareço às vezes rigorosa com os outros quando estou frágil comigo mesma e sem fingir e sem querer saio fingindo e querendo; o animal ferido tem meu próprio nome pois de mim nunca saio para apreciar outras paisagens.

Posso mudar o mapa, mas jamais o território; a minha profundidade quando em mim parece tão superficial diante das minhas conversas comigo mesma.

Sou aquela amiga e minha inimiga que quando me escuta me acolhe ou me rejeita sem direito a réplica.

Oh, como sou feliz e infeliz diante da cara e da coroa; como quero querendo tanto e não querendo nada.

Verso e reverso de uma medalha chamada pessoa limitada, infinitamente espalhada na perfeição e imperfeição de ser perfeita.

Juro que me amo e me odeio quando saio de mim e atinjo os outros em sua fragilidade em que não tive intenção.

Endureço diante das incapacidades e desinformações que o outro traz em si e me oferece de bandeja e vejo tão claro que se enfraquece.

Dou voltas e faço meneios tentando explicar o inexplicável do outro para não atingí-lo e a medida sai pior do que a receita.

Somente o silencio me dá primazia e aparece forte, como o meu porto seguro, enchendo-me de razão para mim mesma.

Tenho um amor gigante que navega seguro e volta frágil quando espera apreciação do outro...